quinta-feira, 11 de outubro de 2012

É preciso dizer



É preciso dizer

É preciso dizer que eu não sei... tenho agora talvez mais respostas do que perguntas, e ainda não sei...

Não sei como ou qual será o amanhã, de onde ele virá ou como terminará.

Não sei sequer sobre o que eu vejo, o que me parece as vezes tão cruel ou superficial... quem sou eu afinal para saber? Eu não sei...

Não sei sobre qual essa força tamanha que impulsiona as pessoas a quererem mais, ter mais, quando parecem não querer a consciência de que estão a tirar de alguém... será que não sabem?

Não sei sobre esse mundo, esse mundo que não é outro além de um que nós próprios criamos, escolhemos e permanecemos a escolher dia após dia... eu não sei...

Não sei sobre o amor ao próximo, que parece trancafiado em caixas de televisão, onde fica fácil ter-se compaixão pelo sofrimento que só de longe e superficialmente assistimos.

Não sei sobre as escolhas do dia a dia, aquelas escolhas pequeninas, que preferimos não dar atenção, importância ou dar nossa consciência, quando escolhemos passar alheios pelas ruas sem ver o sofrimento nos olhos que cruzam os nossos tantas e tantas vezes por dia... eu não sei...

Não sei por que tanto estranham o facto de eu sorrir. Não deveria eu sorrir, tendo eu tão menos problemas do que aqueles que não comem, que não tem abrigo ou calor, que podem nem mesmo ter saúde, amigos, ou alguma esperança no amanhã? Eu não sei... eu não compreendo...

Não compreendo a ganância, quando alguém ao nosso lado pode precisar de algo mais do que nós.

Não compreendo mais a gula, quando alguém tem o estômago a doer com fome. Não compreendo carros de luxo, quando para alguém falta cadeira de rodas. Não compreendo jóias, ostentação, roupas de marca, sapatos... quando para alguém falta calor, falta alegria, falta conversa, falta compreensão... eu não sei...

Não sei como pode valer mais uma coisa do que um abraço, um olá, um carinho... eu não sei...

Não sei quais são essas escolhas que estamos a fazer todos os dias, dia após dia, a esperar por milagres, por resultados diferentes quando nós mantemos as mesmas atitudes... Como somos capazes de ainda ter esperança no milagre, se o milagre somos nós e nós escolhemos não fazê-lo?

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