sábado, 27 de agosto de 2011

Culpa


Não quero mais carregar culpa nenhuma, nem das coisas que quero nem das que não quero.

Não quero mais me enquadrar onde não me enquadro, nem ser quem eu não sou.

Não quero mais ter que nada, a não ser fazer sentido para quem sou.

Não quero me obrigar a viver das maneiras com as quais não concordo, nem achar boas as coisas que eu não acho.

Não quero mais vestir sapatos.

Não quero me preocupar com coisas que não me preocupam, nem me sentir obrigada a ter preocupações que não tenho.

Não quero mais vestir sapatos...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Amanhecer

Passa o tempo, passam-se os dias. Nasce a cada manhã um sol, embora sempre o mesmo, a cada dia torna-se novo.
Carrega em si mesmo todas as lembranças, sonhos e presenças do passado para o tempo de agora, como um portal entre tempos e espaços, onde existe no agora todo o ontem e todo o potencial de amanhã.
Nasce e ergue-se no céu abrindo os braços infinitos para tudo o que acontece e pode acontecer, depois, cansado das promessas não realizadas e não cumpridas, aos poucos perde a força e devagar vai deitando-se com as esperanças enfraquecidas e findas as expectativas todas.
Aos poucos, torna-se escuro e as estrelas são reflexos das esperanças enterradas sem estarem mortas, a acender qualquer vestígio de chama agora escassa. Chega a lua, promessa maior dos sonhos e dos amantes, ilusões coroadas em prata e silêncio.
O tempo, o universo inteiro cala-se num instante, o mundo paralisa sua rotação e o que se vê e escuta é o abismo das almas que ainda persistem em sonhos, que povoam a escuridão do céu com suas esperanças e promessas apenas adormecidas.
Existe um abismo entre silêncios, um oceano entre olhares, um universo entre lembranças.
O impossível entre almas.
Nasce outro dia, mais um amanhecer com o sol pleno de todos os planejamentos feitos, de todos os sonhos sonhados, de todas as esperanças e possibilidades imaginadas. No amanhecer, cabe todo o mundo, cabe o mundo inteiro.
E no silêncio do sono que não sonho, todas as possibilidades impossíveis.