segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Nosso Sistema

Já fomos um dia como nômades, e chegamos a viver de acordo com a disponibilidade de recursos existentes em um determinado local até que esse não suprisse nossas necessidades e então nos deslocávamos para uma outra zona mais abundante.

Seres racionais que somos, e seguindo nossa própria evolução, chegamos à conclusão de que se em diferentes locais haviam diferentes recursos, em vez de nos mudarmos constantemente pra lá e pra cá, poderíamos trocar mercadorias.

Esse “comércio” foi por nós criados a fim de que houvesse a possibilidade de termos nossas necessidades atendidas com o menor esforço possível – pois nossa inteligência e evolução nos possibilitaram tais conclusões e medidas.

O sistema de comércio por nós criado, idealmente, faria com que algo que tivéssemos em excesso atendesse a falta de quem tivesse em escassez nosso “bem comercializável”, e por sua vez, algo que nos fizesse falta teríamos em troca do que nos fosse excedente.

Com a criação de uma “moeda” que pudesse ser trocada por qualquer bem, nossa vida foi facilitada, mas foi também gerada uma dificuldade crônica em nosso próprio sistema. Pois quanto mais dessa “moeda” fôssemos capaz de ter, maior seria nossa possibilidade de adquirir.

Passou a ser mais interessante “economicamente” possuir a moeda do que possuir bens de sobrevivência, uma vez que em posse da moeda, poderia se possuir tudo.

O sistema por nós criado funcionou extremamente bem para que nossas trocas fossem facilitadas, para que nossa vida se tornasse mais fácil.

Porém, continuamos a ser capazes de raciocínio e evolução, e igualmente capazes de perceber que existem algumas falhas fatais em nosso sistema.

Todo e qualquer meio de comércio por nós criado foram por uma razão maior – para que a vida pudesse ser possível ainda que com escassez de determinados recursos em determinadas áreas onde havia vida.

Uma vez que em nosso sistema acontece que pessoas estão a morrer de fome (ainda que muito distante da área em que vivemos), nosso sistema deixou de ser eficiente.

Isso sem falar sobre recursos naturais que já sabemos serem finitos, ou do avanço da tecnologia e progresso que nos faz consumir e querer sempre mais por uma questão já enraizada em nossa cultura e nosso conceito, de que o “possuir” é sinal de prosperidade e portanto, maior capacidade de sobrevivência .

Com esse nosso comportamento, deixamos de lado instintos naturais do ser humano de viver em comunidade e em harmonia com outros seres humanos (temos necessidades reais de amor, compreensão, atenção - queremos e precisamos ser ouvidos, vistos e fazer parte de uma comunidade).

Passamos a viver (obrigados pelo sistema que criamos) de uma forma individualista. Para sobrevivermos com nosso sistema, temos que ter dinheiro. Temos que trabalhar.

Temos (preferencialmente) que ter um carro, pois assim podemos trabalhar mais e chegar mais rápido para atendermos às exigências do sistema, e assim por diante.

Não podemos nos dar ao luxo de nos contentarmos com transportes públicos, que nem sempre são ideais, pois existe também o risco de sermos assaltados à mão armada por pessoas que são vítimas do sistema que criamos.

Temos que ter um pouco de dinheiro de sobra para numa emergência, não estarmos sujeitos às filas gigantescas dos hospitais públicos onde o atendimento é no mínimo, questionável.

Quanto mais “moeda” tivermos, melhores as nossas possibilidades de sermos atendidos nos melhores hospitais, de nossos filhos terem acesso ao melhor ensino e de nosso tempo de lazer ser o mais agradável.

Mas enquanto sabemos de tudo isso, e enquanto vivemos assim, não deixamos de ser seres humanos racionais e em evolução.

Sabemos que algo está “fora de lugar” ou “inadequado”.

Não estamos satisfeitos.

Respiramos um ar poluído para mantermos em funcionamento o sistema que criamos.

Ficamos cada vez mais doentes e morremos cada vez mais de formas facilmente evitáveis para podermos manter em funcionamento o nosso sistema.

Convenientemente para o governo que criamos, esquecemos que fomos nós que criamos o sistema e qual era o nosso objetivo quando o criamos – a sustentação da vida.

E é inegável que nosso sistema deixou de funcionar a partir do momento que existem vidas perdidas devido ao próprio sistema.

É possível mudarmos alguma coisa?

Somos a única possibilidade de mudança.


http://www.thezeitgeistmovement.com/

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