sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Amanhecer

Passa o tempo, passam-se os dias. Nasce a cada manhã um sol, embora sempre o mesmo, a cada dia torna-se novo.
Carrega em si mesmo todas as lembranças, sonhos e presenças do passado para o tempo de agora, como um portal entre tempos e espaços, onde existe no agora todo o ontem e todo o potencial de amanhã.
Nasce e ergue-se no céu abrindo os braços infinitos para tudo o que acontece e pode acontecer, depois, cansado das promessas não realizadas e não cumpridas, aos poucos perde a força e devagar vai deitando-se com as esperanças enfraquecidas e findas as expectativas todas.
Aos poucos, torna-se escuro e as estrelas são reflexos das esperanças enterradas sem estarem mortas, a acender qualquer vestígio de chama agora escassa. Chega a lua, promessa maior dos sonhos e dos amantes, ilusões coroadas em prata e silêncio.
O tempo, o universo inteiro cala-se num instante, o mundo paralisa sua rotação e o que se vê e escuta é o abismo das almas que ainda persistem em sonhos, que povoam a escuridão do céu com suas esperanças e promessas apenas adormecidas.
Existe um abismo entre silêncios, um oceano entre olhares, um universo entre lembranças.
O impossível entre almas.
Nasce outro dia, mais um amanhecer com o sol pleno de todos os planejamentos feitos, de todos os sonhos sonhados, de todas as esperanças e possibilidades imaginadas. No amanhecer, cabe todo o mundo, cabe o mundo inteiro.
E no silêncio do sono que não sonho, todas as possibilidades impossíveis.

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